quinta-feira, 19 de abril de 2018

TODOS PASSARÃO, EU PASSARINHO


Apareceu na escola uma calopsita que deveria ter escapado de alguma gaiola próxima. Os alunos ficaram em polvorosos, amando a visita inusitada e apaixonados pelo lindo pássaro amarelo. “Eu tenho uma também! ” “A minha morreu” “Sempre quis ter uma” “Dá ela para mim”... Frases genéricas a essas eram ouvidas o tempo todo e ao mesmo tempo...
Dei o meu braço a ela (até então não sabíamos se era ele ou ela então a opção natural foi de chamar de ela por ser: a calopsita) e ela subiu até o meu ombro e ali ficou por um tempo, logo se instalando próximo a minha nuca onde sentiu-se aninhado e ficou. Como se escondido de todos, protegida por meu moicano azul. Talvez com lembranças edipianas da mamãe. Ali se instalou livre do alvoroço entorno de sua aparição inusitada e os levantamentos sobre sua origem e destino.
Em meio a tudo isso, algumas pessoas ficavam abismada com o fato dela se sentir tão bem empoleirada em mim. O que eu refutava com um outro episódio envolvendo pássaros que havia me acontecido recentemente. Vou tentar conta-lo em linhas gerais: na casa do meu amigo, conheci a criação de calopsitas da mãe dele, quando cheguei perto da, enorme, gaiola todas ficaram de boa, como se nada estivesse acontecendo, mexi com elas, elas vieram, brincaram e a mãe do meu colega ficou abismada por elas estarem tão de boa com a minha presença! Normalmente elas fazem um escândalo, me garantiu ela curiosa, ensimesmada.
Cogitaram todas as hipóteses para saber do apego da ave a mim. Como por exemplo: as sarristas (mamãe), as carinhosas (os animais reconheces as almas boas), as espiritas (você deve ter sido um pássaro em outra vida), as afirmativas (ela escolheu você) as afirmativas, as encantadoramente, pretenciosas (ela escolheu você... para encontrar um bom destino a ela) ... enfim, não posso saber qual delas me cabe nesse aviário.
A mamãe, cedo ou tarde ele perceberia que não tenho penas.... Sobre ser uma alma boa, bem, há quem diga o contrário.... Se eu fui um pássaro em outra vida, devo ter morrido no ovo ao cair do ninho pois tenho muito medo de altura.... Eu escolher um lar para ela?!
- Quem quer levante a mão?!
A dona apareceu pouco depois. Era uma vizinha da escola que nos contou que ela era ele e que havia uma a fêmea, sua companheira, também fugitiva, que encontrava foragida sem paradeiro definido. Fiquei sem o pássaro na mão, ou melhor, na nuca... reticente... sem saber por que eu...???????
Na instância falei que tenho a mania de ficar assobiando para os pássaros que frequentam a laranjeira do vizinho. Tentando copiar seu som, me comunicar... O que será que ando assobiando por aí aos quatro ventos?

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