domingo, 23 de dezembro de 2012

EU E O “NAVIO NEGREIRO” OU NÃO SOU EU QUE ME NAVEGA QUEM ME NAVEGA É O MAR


Ontem foi o dia onde imperou o clima de finalização, pois estávamos apresentando pela ultima vez nossa versão de “O Navio Negreiro”, do Castro Alves com os alunos do Krys e essa me parece a oportunidade perfeita para falar sobre minha relação com esse poema. Desde quando pensei em criar um blog, ficava procurando tópicos que poderiam me valer nessa empreitada e sempre pensava em escrever sobre isso, mas fiquei protelando essa historia toda... pois bem, é chegada a hora.
Minha amiga adorada e professora, a Juca, que me colocou nessa! Vendo que eu gostava tanto do Castro Alves, me pediu para que encenasse pra ela o poema... Eu fiz à egípcia e sorri sem graça, pois conhecia o poema sabia que ele era enooooorme ! Mas ficou a dica... Decorei outro poema, mas não valeu...  Era da fase ultrarromântica dele e a emoção do amor não me caia tão bem assim na época. Mesmo ficando legal, pois era uma das primeiras vezes que fazia uma peça sozinho (coisa q veio a se tornar uma característica minha)! Quando eu, na primeira tentativa frustrada de fuga, sai da Colônia Vitória, Entre Rios (a mesopotâmia que rima jordão com pinhão), para  morar com minha mãe justamente no Jordão, foi quando tudo começou pra valer.
Bateu uma saudade tão grande do meu povo, doía no peito (eu ouvindo a Zélia Duncan cantar que nunca estava lá e que sentir era uma prisão e uma saída), nos finais do dia eu ficava triste por não estar com os meus amigos de verdade (que o são até hoje, diga-se de passagem) e para acalentar essa minha dor decidi ocupar a minha mente com alguma coisa: algo épico, que me fizesse sentir, de certa forma, grandioso, que fosse algo para ser lembrado com carinho... Da mesma forma como eu processava minhas lembranças naquele momento: a flor da pele! Lembrei-me da Juquinha e mais que depressa peguei minha antiga coletânea de poemas do bardo baiano e tracei um plano de meta para decorar aquele poema gigantesco, com palavras dificílimas, frases rebuscadas que me confundiam, mas misteriosamente me encantavam! Era isso! Ia decorar o poema em um tempo recorde e quando visse minha amiga, apresentaria para ela, nem que fosse na casa dela mesmo!
Como o poema é dividido em 6 partes, pensei em decorar uma parte por dia e em uma semana estar consumado  o prodígio! E assim o fiz! Ficava embaixo dos pinheiros que havia em nosso pátio naquela época e, munido de dicionário, queria entender cada palavra dali, falar como se aquelas palavras saíssem da minha cabeça naquele momento... Queria que as rimas fossem esquecidas por quem me ouvisse e que aquela magia que eu outrora senti- entendendo o poema sem entendê-lo em seu sentido concreto, mas no abstrato- também fosse experimentada pelas pessoas. Queria que a criança do jardim de infância, o adolescente pobre, a senhora analfabeta, a executiva exata, o literato humano, o juiz, o ladrão, o policial enfim, todos entendessem e amassem , embarcassem junto comigo no navio! Que todos sentissem o doce ar que a brisa trazia, ouvissem a musica suave que ao longe soava ao mesmo tempo que ouvissem o tinir de ferros, o chicote que estalava, o gemido e o canto misturados, o baque do corpo morto no mar, vessem a dança horrenda da corte que dançava ao som do açoite!
Quando decorei tudo, resolvi ir do Jordão até a Colônia a pé, por uma caminho alternativo que passava pela casa da minha avó, e nas 4 ou 5 horas de caminhada nas solitárias ruas “dos queimado” eu bradaria aos espaços o grito de indignação de Castro Alves. Fiz isso e quase morri de tanto caminhar! Mas deu resultado! Sem modéstia, que não é meu forte marcisita, estava me sentindo o próprio poeta romântico a gritar o seu poema-protesto em praça publica no 7 de setembro de 1868! Falei para Juca, que me convidou para apresentar em uma noite onde os alunos dela iam exaltar os poetas românticos, como jovens  sonhadores em tavernas escuras! E pela rebeldia romântica, que eu sempre gostei, topei e estreei minha performance! As pessoas gostaram! Mas eu queria mais! Inscrevi-me para um evento que tinha na época, conhecido como “noite dos talentos” e com um banquinho, em território dos ricos suábios de olhos azuis, gritei os versos que dediquei a minha Juca, a negra sobrevivente naquele mar de preconceitos em que vivíamos! Acho que essa foi primeira vez que senti que aquela encenação iria fazer a diferença na minha vida!
Passado algum tempo, eu já voltado para morar na Colônia com minha vó, fui cercado de um sentimento horrível de rejeição (que agora não vem ao caso relatar, mas talvez na próxima) que me repelia pra fora daquele lugar! Como se algo me dissesse, da pior forma possível que ali estava minha raiz, mas não era lugar para eu ficar eternamente e na minha despedida, no fim da disciplina de Historia, com a professora mais meiga do mundo a Vanderléa, chamei a Bolinho para me dirigir e o Purga pra fazer a sonoplastia do navio que iria me tirar dali! Em contrapartida a professora convidou a direção do CEEBJA pra assistir e lá estava Neuzinha, Graça, Papi e companhia que me viram e me pegaram pelo braço me levando pra Guarapuava pra me apresentar em um evento deles... E lá conheci a mais Bela do universo, conheci a Adriana também... E um capítulo lindo da minha historia se iniciou!
Foram milhões de apresentações de todos os jeitos: só na sala de aula da Bela foram umas cem vezes (até hoje eu me apresento na sala de aula dela!), na Unicentro também um sem numero de vezes: com iluminação, sem iluminação, maquiado, de cara limpa, com música e movimentos, sem isso tudo; na sala de aula, no corredor, em todas as escolas que me convidavam, para professores, para alunos, para amigos em uma roda de entorpecidos, para meus amigos caretas, na praça, nos ginásios de esportes, na rua, em vídeo conferencia, pela internet, gritando, sussurrando, dançando, estático... E lá se vai a lista gigantesca!
Meus amigos mais antigos chegam a tirar sarro de mim por causa disso! Esse poema se tornou o meu cartão de visita! E quando eu saio da minha zona de conforto e chego a Curitiba, é nesse navio que sou convidado a embarcar! O Krysthian Ratier, o meu artista preferido, me convida para me apresentar ao som dos tambores dos alunos dele! Mais uma vez me sinto como aquele menino memorizando texto entre os pinheiros da casa de minha mãe, como aquele que subiu pra dignificar aqueles que, como ele, viviam entre rios de preconceitos, como aquele cara de cabelos e unhas imensas que agarrava com as duas mãos as oportunidades que lhe apresentavam, ou ainda como aquele que caminhava no sol daquela estrada de chão a falar o texto quilométrico para a plateia imaginária que o ouvia atenta!
Sou toda essa galera junta a remar e a se esforçando para tirar emoções de quem estiver disponível para o encanto da arte! Entre as minhas nuvens também dorme o albatroz, a águia do oceano, e para ele eu sempre imploro para suspender e me dar suas asas, para que eu possa ser todos esses seres que me edificam e me tornam, bem ou mau, esse que sou! Levantai-vos heróis do novo mundo! Pois eu já estou de pé! Terminando esse ano com o pensamento real de que começar com poesia é a melhor forma de mostrar o quanto estamos preparados para o novo, pois ela por si só nos renova... Mesmo uma temática de dor, no caso do poema de Castro Alves, pode transbordar a magia que só a arte pode nos dar: a de que estamos vivos e repletos dos mais inusitados sentidos

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O SOL HÁ DE BRILHAR MAIS UMA VEZ


Nos últimos anos havia tido um contado quase que diário com o nascer do sol... Fiquei anos sem saber o lado que o sol nascia!? Minhas noites sempre terminaram tarde, minhas noites sempre tiveram sol e por isso me achava quase que acima do bem e do mal....domingo de manhã então...viiiiiixeee... Sem comentários... Quando estava morando no Jordão foi que tudo começou... Acordava as cinco da matina e saia de casa para o ponto de ônibus ainda visitado pela lua! Muitas vezes acompanhada de frio e do famoso vento de Guarapuava que a tudo castiga... Subia para o ônibus e quando estávamos n a serra o sol surgia esplendoroso no horizonte... e me dava a impressão de que estava no espaço sideral. Principalmente quando o Vale do Jordão estava coberto de nuvens!  e tal qual o Superman, lá estava eu em minha capsula fugindo da destruição de minha Cripitônia e visualizando o sol que me aqueceria no novo planeta...
No dia em que sai de lá pensei que tinha perdido esse privilégio, mas o sol me alumiou outra vez e agora ele era visto nascer depois de uma longa caminhada... e quando eu passava do lugar conhecido como Volta Redonda, fazia questão de parar, virar pra trás e proferir uma prece as pressas ao astro rei que insistia em queimar minhas costas como se me avisando que tudo daria certo ( mesmo eu voltando a pé ao meio dia e tendo ele como meu algoz, meu Lex Luthur, minha criptonita...uiuiui) .. Depois foi a vez de vê-lo enquanto eu ia para Colônia Vitória trabalhar.. Saia às 6 da manhã e quando estávamos quase chegando (entre a Colônia Samambaia e aa Colônia Jordãozinho pra ser exato) o sol estava nascendo lindo e altivo.. Nesta época também o pôr do sol se mostrava pra mim.. Quando saia de Entre Rios pouco antes do lusco-fusco e pegava seus últimos raios no caminho!! Uma delicia daquelas que, sem sadismo algum, nos faz sofrer de alegria...
O mais interessante nisso tudo é que nestas jornadas comecei a perceber que eu era a única pessoa que se dava por isso nestes trajetos.. Os outros tendiam a não dar bola para as coisas simples da vida e um nascer e/ou um pôr do sol não era nada perante as contas vencidas do mês ou o cansaço do fim do dia ou o sono da manhã ou o pensamento vago... Olhar para natureza ao redor e se sentir parte dela, no seu esplendor, na sua gloria e plenitude é um sentimento retrô, quase que nonsense, coisa de maluco que não tem mais o que fazer!!! É uma pena que chegamos neste ponto.. As cores do céu, o calor do sol não nos interessa mais! Preocupamo-nos com a razão e a emoção não tem espaço na nossa rotina cheia de compromissos inadiáveis que momentaneamente decidem nossa historia medíocre.
Essa historia de valorizar o hoje, está sendo deturpada cada vez mais e quando queremos colocar essa máxima em voga, nos apegamos às coisas que giram envoltas do dinheiro e daquilo que nos torna maior aos olhos dos capitalistas que estão nos vigiando. Não estou de maneira alguma me posicionando contra o dinheiro- afinal de contas, dependo dele também, e muito- mas estou me posicionando contra as pessoas que se cegam por ele e dele fazem seu deus... Esquecendo-se das coisas simples de vida que implicam desde um abraço na pessoa ao lado, um sorriso em agradecimento, uma gargalhada, um nascer de sol...
Este ano não mais vi o nascer e nem o pôr do sol! Os caminhos que fiz estavam sempre opostos a ele e por uma terrível coincidência, acabei sendo escravo do dinheiro que me jogou muito na cara o quanto ele pode me fazer sofrer, jogou na minha cara que pouco posso com pouco!
Mas isso não me impediu de buscar a minha simplicidade sempre! Lembrar-me que sou pequeno perante a natureza, faço parte dela e continuarei vivendo com a mesma certeza de que o sol vai nascer e se pôr! E trago isso comigo como um mantra, pois aprendi que sou rodeado por seres solares, pensamentos solares, risos solares, abraços solares... E vou sim viver a beleza dessa certeza!!! Dois mil e doze não foi fácil pra mim- como não o foi pra muita gente- e ao mesmo tempo me esclareceu o fato de que não somos nada perto da plenitude de tudo! Mostrou-me que tenho a coisa mais importante que eu deveria ter: o sol estampado no sorriso acolhedor dos meus, o calor do sol impresso no abraço das pessoas que eu amo! E assim como o nascer e o pôr do sol é  infinito, continuo a mim, minha gratidão se cobre de luz e se espalha para acalentar essa minha grande família que adquiri nessa jornada.
É comum que nessa época esse tipo de pensamento acabe rondando nossa cabeça, pois fica aquele gostinho irresistível de mudança no ar! Essa época, colocamos os pesos e as medidas na mesa e deixamos nos guiar pelo que achamos que erro e pelo o que é acerto! Eu aprendi que o sol brilha e se põe também em nosso horizonte metafisico, dentro de nós! E esse sol aquece, queima e pode causar câncer na pele da alma da mesma forma que aquele que nos é tão simples perceber: é só olhar pra cima! Acredito que buscar esse intenso brilho também é continuo e certo, assim como é certo que o sol nasce e se põe... Dentro ou fora de nós...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

CINEMA QUE SE LIGA


Eu já havia conversado com a Fernandinha Hack sobre isso: toda vez que eu me preparo para assistir filmes acaba acontecendo algumas conhecidências entre eles... pode ser explicita como o mesmo ator ou diretor ou alguém da técnica ou mais implícito como o enredo...Lembro de q quando falei isso pra ela foi por causa de dois filmes, para mim desconhecidos até então que peguem pra q não houvesse esse fato e fiquei pasmo em saber q os filmes haviam sido escritos pelo mesmo roteirista!!!! Não aguentei e contei pra ela que me ouviu e esboçou um "que legal!!"....tive vontade de contar pra ela sempre quando isso acontecia mas com medo de ficar chato, acabei não falando mais...
Como ando vendo filmes demais ultimamente (leia-se revendo filmes) voltei a pensar no assunto e como toda vez que isso acontecia eu fazia um registro mental pra não esquecer depois e acabava esquecendo...resolvi começar a anotar esse fenômeno pra alguma analise futura...pode ser divertido... E de ante mão já digo que não vou me ligar em escrever nomes corretos de atores e atrizes, mesmo sabendo estar na mira dos cinéfilos de plantão kkk...
Bem... Começo em grande estilo, pois as conhecidências não são poucas dessa vez...
Ontem vi "a bela do palco" um filme lindinho ( tirando a trilha sonora que as vezes chega a dar pena ...)sobre um ator francês de 1660 especializado em representar mulheres. Como é sabido de todos, durante muito tempo as mulheres foram impedidas de representar!!!!!!!!!!!! Era considerado imoral .... Pobre mulheres... a reviravolta é q essa lei acaba caindo na França e o pobre coitado terá q se reinventar como ator.... O legal é ver como se estabelecia algumas convenções gestuais no teatro pré-realista e essas codificações é q separava o bom do mau ator... Mas esse é outro assunto, mas não por isso menos interessante... No dia anterior vi "Shakespeare apaixonado" a deliciosa fabula sobre o fictício processo criativo de Shakespeare ou escrever Romeu e Julieta... Outra vez um filme sobre teatro e sobre essa de mulheres serem proibidas de entrar em cena... Pois para os desmemoriados não custa lembrar q em boa parte da trama a oscarisada por esse trabalho...Gwineth Paltrow....fica travestida de homem e além do coração de will...para os íntimos...ela acaba conquistando o papel de romeu na peça...ótimo trailer sobre como o artista se fode pra buscar um lampejo de criação e como a realidade q o cerca lhe serve de matéria prima pra sua obra prima....
Duas conhecidências: 1) o teatro como pano de fundo para trama...2) o fato de mulheres não poderem encenar durante um bom tempo na historia do teatro ocidental...
Agora vi "Os contos proibidos do marques de Sade"...adoro esse filme que além de ser de época também como os outros dois anteriores ainda fala sobre um artista em sua gana de produção como o apaixonadinho escritor de romeu e julieta  e tem no elenco o maravilhoso jofery rusch q levou indicações ao Oscar poles dois trabalhos!!! Como o marques ele ta divino!!!!! o filme em si é muito bom...excelentes interpretações, figurinos lindos, fotografia de encher os olhos. E por falar em excelentes interpretações quem arrasa também neste filme é Keith Winsley que da um show também em "o leitor"...filme sobre uma ex oficial nazista que disfarçada de cobradora de ônibus no período pós guerra, cai nas graças de um adolescentezinho que se enrabicha pela moça e entre uma ejaculaçãozinha e outra lê a odisseia e outros clássicos pra a misteriosa mulher que se deleita com o poder das palavras... conhecidência:  Jofrey Rusch-no caso Shakespeare / marques
e no caso de "leitor" e "marques" ambos falam da escrita impressa e tem a Keith Winslei no elenco...e sem contar q ela e Gwinet foram oscarizadas por seus desempenhos nesses filmes...é mole ou quer mais!!!!!!!!!!!!
Tive há pouco tempo outro caso parecido com filmes com temática LGBT... Comecei com “Elvis e Madonna”, onde Simone Spoladore vive uma sapata motogirl que se chama de Elvis e apaixona por um travesti chamada Madonna e o caso dá liga e o romance acontece da forma mais natural possível (um parênteses para dizer que no mesmo dia vi Spoladore sofrendo até o ultimo fio de cabelo- e em português arcaico- em um filme emblemático chamado “Desmundo”, no Canal Brasil). Logo depois vi “Querrelle”, de Fassbinder... Dei uma pausa com a “papisa Joana”, que nada tinha de gay (muito pelo contrario), mas se travestia para viver no clero onde alcançou grande fama ao curar o papa interpretado por Jhon Godmann... Que fez o porteiro em “Tão forte, tão perto” que vi na sequencia!!! Esse filme conta a batalha de uma criança quase esquizofrênica atrás de respostas pós 11 de setembro e ... “Maldito coração”, também sobre os sofrimentos de uma criança judiada pela vida e que em certos momentos se torna... Travesti mirim!!!!.. Como já disse... Isso às vezes me dá medo ... kkkkkk... Por isso peguei para ver “ Sexo, mentiras e vidotapes”... Vamos ver se há conhecidências dessa vez ...

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

OH DIA! OH CÉUS! OH AZAR!


Parece que chega um dia em que tudo resolve desmoronar ao mesmo tempo! Aquela coisa de dia de fúria que o cinema já falou é uma realidade incontestável! Não é pessimismo mas quando tudo esta em uma calmaria é melhor ficar de sobreaviso pois essa calmaria é um preludio para os dia de catástrofe! Ficamos abestalhados com nossa felicidade inusitada e não vemos a tragédia anunciada que esta pra se abater!
É como se a fosse a confirmação de que a  felicidade tem fim sim, que a tristeza teima sempre em reinar em suas formas mais permanentes e reais. Um dia em uma conversa eu falei que se esse universo é uma escola aqui na Terra seria nosso laboratório de erros, onde aprenderíamos as lições universais através de muito murro em ponta de faca, muita lagrima derramada no travesseiro, muita dor na cabeça pesada! É minha gente, o erro e nosso melhor  instrutor!
Erramos sem querer, erramos querendo, erramos pelos outros, erramos por nós mesmo, erramos por amar de mais, erramos por amar de menos, erramos por acreditar, erramos por sermos céticos, erramos rindo, erramos chorando, erramos com prazer, erramos com o peito sangrando, erramos pelo abstrato, erramos pelo concreto, erramos para dizer que erramos, erramos para chamar a atenção, erramos para passarmos despercebidos, erramos em doses homeopáticas, erramos em doses cavalares, erramos por ser, erramos por não ser, erramos por errar uma vez, erramos por persistirmos no erro...
Mas se falando de aprendizagem, se aprendemos com o erro, então essa dor no peito aberto daqui a pouco vai ser só uma lembrança de dias ruins em que achávamos que aquele sangue ia jorrar para sempre! Pois é gostoso olhar para traz e perceber que é possível rir daquela dor, agora domesticada. O problema é aquele momento onde esse riso ainda não é possível, àquela hora em que o mundo pareceu desabar sobre nossas costas, e pensar na garantia do futuro dói, pois o fato de não termos controle sobre a rapidez das horas me parece de crueldade extrema! Pobre de nós seres humanos que nos importamos com a felicidade e a buscamos sempre onde ela não está! Talvez ela possa estrar no cerne daquele errinho bobo que se misturou a todos os outros erros bobos e que agora formam uma dor só! Ou talvez ela esteja na certeza de que nada dura para sempre, tudo tem o seu prazo de validade, seja o riso, seja a lagrima!
Confesso que se for verdade isso que falei, estou definitivamente na minha fase de maior aprendizagem, afinal de contas erro, choro, mas também sorrio com a possibilidade de no futuro olhar pra traz e ver que aquela etapa já conclui e se estou voando livre pelo céu é por que já rastejei muito no chão. Errando e aprendendo. Mas também não é de lamentações que vive o bicho homem e acredito que não haveria lamentação maior para mim do que saber que passei pela vida e que minhas rugas e cabelos brancos nada tem haver com as cicatrizes na pele etérea de minha alma lavada... e passada! E se de erro em erro enchemos nosso papo, quero mais é aceitar esse erro como parte de mim e respeitá-lo como um mestre querido, daquele que lembramos com aquela carga de carinho que só o amadurecimento pode nos proporcionar. Evohé seres vivos...

POEMINHAS MEQUETREFES... PALAVRAS OCEOSAS


HIPOTESE
Quando cresceres
Talvez eu não esteja mais aqui!
Talvez eu esteja carregando o mundo
Ou sendo por ele carregado
Aflito por olhar para traz
E ver que as melodias
Que compus para suas canções
Estavam certas.
Que as tintas que te pintei
Deram o tom exato
Ou que ainda fazes a coreografia
Que nasceu dos seus pés sobre meus pés
Quando um dia paramos para sentir
Aquela nova canção.
Talvez eu esteja te observando
Fazer isso tudo
E esperando o momento
Em que vais parar,
Olhar para mim, e sorrir
De forma a me convidar
A ser testemunha da felicidade
Que te abraça...
Sem dor, sem culpa, sem magoa...
Apenas com a emoção
De sermos aquilo para que fomos feitos:
Sol e mar...                                                                                         
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 VERSAR
Diverso
Digo verso
No inverso
O reverso
Inverso
Saio do múltiplo
E encho de som
O silencio que versas
Dentro de si, em sí,
Sobre sí
Ando somando
Sonhando
Sem dor
No valor
do meu ser
merecer
acalenta
o seu olhar
em mim
sobre mim
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AUAUSHWITZ
O estado é laico
A cadela é Laica
Cuidado: cão bravo!
Late mais não morde
Uiva quando passa o trem
Ama só no cio
Lambe a ninhada
E da a patinha
Quando quer comer o osso
Que já roí.

sábado, 29 de setembro de 2012

TIETA CABRITA! MARCINHO VIADO!


Rio, voltei no curso! É bem assim q começa o refrão da musica que a Fafa de Belém se esgoela na trilha sonora da novela Tieta, que eu to assistindo no youtube!!! Capitulo 27 já...!!!! o pessoal ta explorando mangue seco sem que ninguém saiba ainda, Tieta ta começando a se atraca com o sobrinho, Ascânio e Dora naquela lengalenga que bem sei eu  que vai dar em  muita choradeira, beijos e dizquemedizque... (e dá-lhe a versão nacional da musica do fantasma da opera!!!... ”... eu sou teu homem sou teu pai teu filho...” Emilio Santiago com a menina que eu  vou me arrepender horrores de não lembrar  o nome dela agora! Um saco e meio) ah! lembrei, na minha edição estou pulando as cenas de amor e namoricos!!! Ahhh todas as novelas deveriam ser assim! Bem..folhetim enfim...
As personagens ainda não têm os seus cacoetes e dia desses ouvi a dona milú falando pela primeira vez na trama o seu dramático: “misstééééééééérriiiooo”, Thimótio sempre teve aquela mãozinha, mas ainda não fala “nusss trinque”, os ataques de Cinira ainda não estão tão frequentes ( só nos primeiro capítulo) assim como a mulher de branco que vez uma vitima só e vive da fama do passado!!! Mas eu já sei quem ela é!!!!!! A mim eles não enganam mais...
Não me engana, pois agora que estou revendo essa novela percebi o quanto ela foi influente na minha vida, como eu absorvia ela de uma forma quase que redentora no auge do verão de meus 8 pra nove anos... Tanto tempo assim... Não é! Tão longe, tão perto!
Estava eu em Entre Rios – a Mesopotâmia, que rima Jordão com Pinhão- no primeiro ano da escola ( atrasado, diga-se de passagem... fato esse que me fez sempre ser aluno das series B e nunca das A, onde estavam  os alunos regulares, que já frequentavam o prézinho  e nunca reprovaram! Eu não reprovava mas era “atrasado”, lado b! faculdade em 6 anos ! vixi! Freud explica kkk) com a professora Maria Lúcia (não aquela que dá aula no princesa Isabel até hj! Mas outra, que desenhava no quadro coisas lindas e tinha um senso de humor peculiar, tanto que me mataria se soubesse que a cito aqui kkkkk... as pessoas são para sempre mesmo!!!)...estudava de manhã e esperava o povo passar lá em casa para irmos juntos, os gêmeos e todo povo lá de cima, Geraldo, Roma, sempre aquele povo bom... seguindo  com uma porcentagem de crianças sempre por traz do ginásio, onde tinha ortigas e o pinheiro , na época mau assombrado, que estão lá até hj!!!!
O carreiro está se extinguindo, virando estrada, perdendo um pouco daquela beleza congelante das geadas do mês de julho... Algumas coisas mudarão mesmo, o pinheiro não é mais assobrado, mas se assombra com o povo que dá uma paradinha por lá!!! Eu mesmo já o espantei bastante com meus risos e fumaças!!!!... Íamos de um período pra lá, começamos a ir mais cedo pra escola para travar batalhas épicas! com espadas que escondíamos na pequena valeta na frente da casa das irmãs, atrás da igreja,... que tinha um pátio gigante com um caminho de eucaliptos em um parque infantil, com balanças, aparelhos que rodavam, uma gangorra improvisada e uma grama que depois de uma chuva de verão, onde nela brinquei e me joguei nas possas ,  aprendi a amá-la tanto que ela ainda faz parte de meus  sonhos, como cenário em situações surreais...! E senti um nó na garganta quando uma década depois passei de ônibus por perto e vi o espaço livre dos eucaliptos,  das balanças, dos brinquedos que rodam e da grama adorada.... No lugar um luxuoso centro catequético, todo branco e de concreto, chamando aquele espaço para uma outra era, com historias parecidas com a minha só que sem grama na chuva, valetas para esconder espadas  ludicamente trágicas, e nem a casa das freiras... Pois elas se foram, assim como eu.. e com isso o lugar se tornou uma pousada...  Assim como entre rios para mim !!
Tieta chega a Santana do Agreste com o objetivo mudar aquela cidadezinha que tanto a fez sofrer, que a escorraçou, mas a fez ver que o mundo é bem maior e por isso merece que ela jogue toda aquela novidade sobre a hipocrisia daquelas pessoas!!! ...Era isso que eu era! Era isso que eu queria! Foi isso que me moveu e me move até hj! É isso que me fez ser quem eu era por que eu era a diferença! E isso é bom !!! Não era ruim!!! Eu estava meio que desiludido por saber, na escola que não havia vida em outros planetas! O que me fez perder as esperanças de ser um ser de outro planeta!... o que eu acreditava até então! Justo nesta faze de transição entre o desacreditar ser diferente por ser de outro planeta e, abstratamente, descobrir que eu era mesmo!!! Kkkk no meu planeta particular, no meu mundo...
 Se existia uma Tieta podia existir um márcio ramos!!!! Se existia uma Santana do agreste existia uma colônia vitória!!! Se existia ficção existia realidade! Se existisse arte existiria vida... Desde então aprece que aquela verdade antiga não era uma ilusão..!!!  Criança sem certeza de nada e esperança de tudo!!!! Saia de casa e ficava cantado... “tenha calma não se vá meu popstar  tenha fé...” ou ainda.... “meia lua inteira, sopapo, na cara do fraco”... Ou “que venha essa nova mulher de dentro de mim..” ou a já citada “minha alma renasceu, com flores de algodão, no coração do agreste...” ou me acabando de cantar e dançar a lambada nervosa do Luís Caldas da abertura da novela...” ( ventinho primeiro e depois...) vem meu amor, vem com calor, no meu corpo se enroscar...”... eita tempinho da muléstchaa!!! No fundo eu me sentia uma cabritinha também kkkkkk berrando e rebolando na cara do povo que aprendeu a me respeitar e a conviver com minha presença obrigatória para o bem e para o mal...
Sim, os espaços mudam, se alargam, viram estruturas de concreto, eucaliptos... e parques dão lugar a festas catequéticas, casa de freias a pousadas, Mangue Seco em Entre Rios, Tieta em redentora e uma criança da vila que estuda no Lacerda em Márcio Ramos.. o Marcinho, neto da Dona Lula, aquele do teatro, sabe?! Que dança rebolando e rebola andando, aquele lá, sabe..o...o.... ahhh.. vc sabe quem que é!... evohé Jorge Amado!

sábado, 21 de julho de 2012

Playlist 2 de Caetano Veloso no Mideaplayer- Oracular de Mary Shelly (modo aleatório)


No dia 17 de julho de 2010 estávamos cantando parabéns a vc para a rua 17 de julho de Guarapuava, ovacionando um poste num dia frio e nem por isso estávamos menos quente!!!! risos, alegria, lembro que era uma missão de ida e volta na casa cujo portal caramelo ainda não havia sido instalado, para buscar alguma coisa agora sem importância mas que naquela hora nos encorajava a sair no frio, altos... e baixos, risos sempre... O que íamos buscar não lembro mas lembro para onde iriamos voltar: pro aniversário do Bruno!!! um  ano já!!! e promovendo uma carne sei lá o que... talvez carne loca não lembro...., bolo, doces e salgados se unindo a cerveja e ao refri!!! mal sabia o Bruno que como  aqueles uns não havia outros... uns vão uns tão uns dão não uns hão de, uns mãos uns pés uns cabeça uns só coração uns amam uns andam uns avançam e uns também, uns sem uns cem uns nada tem uns mau uns bem uns nada além!!!!!!!! É o que da escrever ouvindo Caetano Veloso ligado no modo aleatório da minha playlist 2 que fiz no mideaplayer!!!!!
            No outro ano não cantei para a rua nem nada mas teve uma comemoração  com o Hotwills no motivo da decoração e os Tioslus fotografando e filmando o bafo... dia desses encontrei em uma pasta de meu computador as fotos desse evento e reparei em uma foto que tem o Bruno de boca aberta, fazendo um "ohhhhh" bem aberto em primeiro plano e de cenário atras tem o lu e eu... eu fora de foco e vestido com uma roupa que até dia desses eu estava usando e é bem capaz que volte a repetir a qualquer dia ...... eu tenho essas coisa de brechó ambulante...kkkk... uma espécie de neomendigochiqueterceiromundista, daqueles que só nandahack  saberá lhe fundamentar no momento, munida de uma revista volgue do ano passado que comprou no sebo!!!! Como é foda estar certo...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...e lá volta aquele marcisismo que acabou se tornando meu franskein.
            Como uma maryschelly afobada pra ganhar um concurso de histórias de terror, criei meu adorado frankstein e com ele distribuí o terror e o pânico da forma mais leve possível... uma versão antônima que só queria se mostrar e causar... uma criatura que se apontava como criatura antes que o terror e o pânico se espalhassem... quando os olhos se voltavam para sua direção viam o redemoinho e pensavam no destino de toda aquela exaltação... ups... fui tomado pela playlyst 2 do Caetano de novo!!!!!! kkkkkkkkk Sem mais delongas nesse caso, digo que teve olhos que não viram que a mesma maryschelly afobada com concurso de histórias de terror, criou não só o frankstein mas sim todos os outros personagens de seu conto miojo-horripilante, inclusive o sonhador doutor Victor Frank Stein que no afã de continuar a vida criou sua própria morte!!! ui ui ui.!!!!!!...Que meda!!!!!
            Algumas coisa minhas voltaram a pertencer  senão a brechós pelo menos ao seu conceito esse ano... se foram como coisa que estavam além de minhas possibilidades... não que não me valessem mais, mas  que a falta teria de ser suprida e superada...dazanoitesse e é manhã. Tudo mudou...Caetano de novo!!!! será que mudo o som??!!! nããããããããããoooooo... palminhas de "How beautiful could a being be"... pra vc que lê isso e não ouve isso no momento!!!!!!!!!!!! kkkkkkkkkkkk
            Acho que perdi um pouco fio da meada.. espera ai...lerei algumas linhas antes.... pronto já sei mais ou mesmos.... o caso é que esse ano, no dia 17 de julho estava eu lá filmando tudo no aniversário do Bruninho!!!!!!!!! todo lindo com um casaco feito em paris e que estava de ferias em um brechó visitado por um caboclo amigo meu.... que por alguns reaus o trouxe pra mim... um luxo!!!!! que mereceu até um discreto desfile para salientar o locke neomendigochiqueterceiromundista da estação.... risadas garantidas com o marcisismo dissimulado... começa então a surgir história de brechó de todos os lados e a constatação de que ser pobre tem suas vantagens kkkkkkkkkkkkkkkkk.....
            Nossa!!!!!!! em pensar que a três anos atrás estava eu no corredor do hospital ansioso pela vida nova que iria sair por aquelas portas verdes... e de repente sai aquela versão reduzida de gente, bem calmiiiiiiinhoooo, e era o Bruninho... sem mentira nenhuma esta tocando "Boas vindas" no meu som ( viu krys... nós estamos certos mesmo... tem sempre a trilha sonora de nossa vida rolando... seja  o som que for ou o silêncio que for, ele transmite exatamente aquilo que estamos discutindo no momento... sempre quis registrar esse fenômeno e agora é a vez) kkkkkkkk.. calma !!!! para tudo!!!!!!! a musica que tocou depois  foi "O outro" !!!!!!!!!!!!!!!!! meu deussss!!!!!!!!!!!!!!!!!! isso ta virando quase que uma psicografia musical.... coisa do tipo: vamos jogar o Caetano Veloso no santo mideaplayer( tem que ser na ordem aleatória) e ouvir o que temos pra hoje !!!!!! poxa to com medo mas, o fato é que de cara alegre e cruel feliz e mau com o pau duro eu estou indo embora de vez e esperando de todo o coração que o passado não me reconheça mesmo quando eu passar ... que venhão todos os anos próximos ... que a maryshelly antônima aqui, esta afobada pra escrever outra historinha, agora talvez com ares ternos e recíprocos.... e como Caetano  esta cantando nos meus ouvidos agora um pedido  para que deus o guie porque eu não posso guiar!!! penso em terminar esse escrito indo para o midiaplayer-oracular e com a força de uma Cassandra esquiliana, ver meu destino apertando a tecla que  passa rápido  as musicas e visualizar meu destino!!!!!! Vamos tentar....
            "Billie jeans"... ai meu deus! "Os meninos dançam"... pinta o malandro e o malandro outro malandro flutua angelical (opa!!)... " O estrangeiro"...uma baleia uma telenovela um alaúde um trem uma arará....mais além... que aqui começo a construir sempre contando o belo e o amaro ! "Livros"... os livros são objetos transcendes mas podemos ama-los do amor tactos que botamos aos maços de cigarros! "Rapte-me camaleoa"... fino menino me inclino pro lado do sim! "Sina".... pai e mãe olho de mina coração desejo e sina tudo mais pura rotina jazz! ( começo a ficar com medo!!!!!!kkkk) "Beleza pura"... não me amarra dinheiro não mas formosura... (to falando..kkk) "Cajuina" existirmos a que será que se destina! "Tigresa"... que tem muito ódio no coração que tem dado muito amor espalhado muito prazer e muita dor! ................. acho melhor parar por aqui enquanto a tigresa ainda espera viver em um mundo feliz onde a natureza possa viver em comunhão!!!!!!! mas o vicio é maior e eu quero uma garantia...lá vai........................... "Eu sou neguinha" !!!!!!!!!!!!!!! é muito na cara.....mais uma vez... "Musa hibrida" "Paisagem útil" "Saudosismo"....... pronto...chega.......!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! paremos no mundo dissonante que nós dois tentamos inventar...................!

terça-feira, 10 de abril de 2012

MEU CÉU É ESTRELADO DE AVIÕES

Quando cheguei em Curitiba estava rolando um dia estranho, úmido, pensei que ia chover e não choveu. No segundo dia tinha sol e a noite o céu estava coberto de nuvens. Já no terceiro dia a clima estava ameno e mesmo assim no céu tinha nuvens a noite... Tentei vislumbrar uma estrela e não consegui! Quarta noite e nada de estrelas e a conclusão retardatária, mas inevitável: não há estrela no céu de Curitiba!
 Falei pro pessoal, alguns já tinham dado por isso, outros justificaram usando o excesso de poluição (pois afinal de contas, carro não é mais artigo de luxo no país dos inadimplentes!), outros detectaram até certo charme nesse digamos... “ares da civilização”, e ainda houve aqueles que nem haviam se dado por isso! Sei lá, por um motivo qualquer, seja por não ser muito chegado em estrelas ou por ter esquecido  a memória do astro, nem tinham se dado contas do fato... me espantei!
Pra quem um dia se sentiu tomado pelo céu do Paiol de Telha como se estivesse dentro de um daqueles suvinir’s em forma de globo transparente, sempre com uma imagem bucólica e melancólica dentro, que quando chacoalhamos fica envolvido em  neve... Neste dia estes corpos celestes pareciam dançar sobre mim como essas neves artificialmente singelas, me deixassem  absorto com a paisagem bucólica  e melancólica de meu globo transparente particular... É difícil mirar e ver tísicos corpos celestes tendo que ocultar sua exuberância no véu carbonizado que lhe oferecemos. Aqui o que dança no céu são os aviões ao som de suas turbinas metálicas, tendo as luzes intensas da cidade como seu satélite natural, a lhe iluminar e amarelar o céu pano de fundo, cenário, de seu passar esperado e calculado. Deve ser o preço que a cidade paga por ter sua beleza ligada diretamente ao mito do guloso Cronos, que conseguia ver beleza no gesto de devoras seus filhos.
Quando perdemos as coisas sempre temos a  sensação “parachoquedecaminhão” do membro amputado que continua se insinuando, mas quando essa sensação está ligada a coisas tão simples como a falta de um céu estrelado, parece que essa  amputação foi no mais profundo da alma... E dai nos damos conta de como supérfluos somos mesmo não querendo o ser! Sim... Ser humano é complicado e simples como um céu a noite, que dependendo do estado geográfico de sua alma ora esta amarelo de luz e poluição ora esta movimentado por seus aviões que sonham em ser  assim como zilhões de estrelas dançando estáticas no firmamento. O que será que Ci, a rainha mãe do mato, diz disso por de traz do véu carbonizado que lhe damos pra cobrir sua beleza?! Sei lá! Talvez que nem tudo que esta no céu é estrela... vai sabe!  Evohé Ci...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

POEMA DOR- DE- COTOVELO COM RIMAS PAUPÉRRIMAS OU EMO-RAP ENSINO FUNDAMENTAL

Quando saio desse momento de ilusão
O difícil é aceitar  a inevitável  conclusão
De que  a vontade do meu abraço
Se dilata no espaço
Que existe entre a alegria de lhe ter
E a dor de lhe perder.
Como areia em grãos
Escorrendo entre o vazio dos dedos de minhas mãos.
Sua imagem na fotografia parada,
Suportando sua presença calada,
Me revela o quanto me espanta
A certeza que me era tanta
E que agora de nada adiantou
Pois evaporou
Quando perplexo
Vejo que não tem nexo
Sofrer sem parar
Se um dia sei que vou lhe encontrar.
Não posso admitir que um dia lhe perdi
Pois quando penso que esqueci
Minha mente trata de me lembrar
Que  a minha forma de amar
 Se fundamenta  em um único conceito:
Que é seu ouvido atento apertado ao meu peito
Esperando ouvir com calma
O que ainda lateja em minha alma,
Sem saber que estou mais perto,
Com ou sem meu braço aberto,
Esperando o momento certo
Pra seus lábios beijar
E neles viajar
Pra onde não haja depois
E os sonhos de nós dois
Não se diluam ao acordar
Da lembrança de te amar

SONHEI QUE ARNALDOANTUNIZAVA

Foi por causa daquela musica do Arnaldo na trilha do “bicho de 7 cabeças” que eu e o Krys começamos a pirar no Arnaldo Antunes interpretando, literalmente, pérolas do nosso sertanejo moderno, ou seria um sertanejo do Primeiro Grau por surgir em 80-90... Antes de ser sertanejo  médio  e sem pretensões de sonho de ser sertanejo universitário ! Enfim a ideia nos rendeu grandes risadas em uma noite bêbada onde juramos não esquecer a inspiração... A jura deu certo!!!
Num sarau, eu imitei o Arnaldo declamando “fio de cabelo” e a galera foi ao delírio!! Quando surgiram os Tribalistas o meu irmão me falou que achava que eu tinha um “q” do Arnaldo em minha voz, eu acreditei e coloquei em pratica... Desde então venho imitando o grave dele, que está anos-luz na minha frente, de brincadeira para meus amigos. Considero o Arnaldo o suprassumo da nossa musica junto com Caetano, Adriana Calcanhotto e Jorge ben jor... Ele resume em si uma gama de atividades artísticas que faz a gente ficar de queixo caído com tanta criatividade. Nele parece que as coisas brotam numa simplicidade que chega a nos instigar a explorar todos os campos simbólicos da obra em busca de um sentido intelectualizante que satisfaça nossa inteligência pobre, e em compensação acabamos acatando seus pensamentos da forma como eles são; contundentemente óbvios e mordazes. Não é atoa que ele esta ligadíssimo em Leminski, nos concretistas na performance, na musica experimental, na poesia e em tudo aquilo que valoriza as mil e uma utilidades de sua arte Bombril rsrs... Ele me parece ser, as vezes, um estagiário esperto da  Bauhaus ( daqueles que os alunos se vidram..rsrss)
  Assim como o Caetano Veloso, tudo o que eu ouço ou leio acaba gravitando na orbita desse artista, ou melhor, desse performer, incrível... Parece pieguice pensada mas nem me toquei que os artistas que citei antes (Caetano, Adriana e Jorge) todos já estiveram ligados a esse homem que encarna em si o século XX e faz do XXI um bardo de esperança a nós que lutamos para a não-mediocridade da arte, que achamos que existe  uma solução para a banalização da  simplicidade. Pensar nele me remete a possibilidades  diversas e adversas.
Dia desses nós tive um sonho muito engraçado: estava eu ouvindo o Arnaldo quando uma amiga chegou e disse:
- meu deus! Que música horrível!!!
E eu fiquei puto com ela e me justifiquei:
- o Arnaldo Antunes é um gênio e ele adora fazer isso de pegar a cultura kitsch e transformá-la em algo novo e estrategicamente saudosista! É a forma que ele tem de mostrar que tudo pode ser explorado dentro do campo da criatividade...
O detalhe é que a musica era uma muito tosca do Gean e Giovane chamada “nem dormindo eu consigo te esquecer”..rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs.... Foi super  inusitado! Eu conseguia ouvir nitidamente a versão dele! O pior foi que não sei como essa musica foi aparecer no meu inconsciente! E no sonho eu cantava junto em meio a uma atmosfera eletrônica que acompanhava a musica! Quando contei isso para a Aurea que me acordou, tivemos um ataque de riso que durou o dia todo!
Poxa, como é bom existir em um mundo onde existe Arnaldo Antunes em meio a montanhas de neve de isopor despedaçados e ruídos de motor... evohé Arnaldo


quarta-feira, 4 de abril de 2012

POEMA TRAVESTIDO

estarei aqui! parada esperando o primeiro carro estacionar
a procura da penetração altiva, inescrupulosa
mas real
que sustente seu prazer e que valha seu dinheiro...

como as santas que gozam
as prostitutas que rezam!

estarei aqui! parada com a boca semi aberta
esperando ser preenchida com seu pinto simbólico
revestido de musculos e nervos a pulsar
o sangue quente que o deixa riste
na eminencia do final leitoso que o faça gemer...

parecido com as meretrizes ajoelhadas no altar
louvando o deus que as deflora
ou com as sacerdotisas alucinadas
rodando em seus blues!

estarei aqui! parada como Heliogábalo travestido
nas portas dos bordéis de roma
a procura de satisfação e ritual
celebração e dinheiro

santa puta!
puta santa!
que fecunada pelo caos
gesta a incompreeção
parindo o absoluto!

menino deus vestido de ninfeta normalista
levantando a saia para receber
as palmadas que punam
aos gemidos
sua depravação
em mais um fetiche da crueldade.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

MALDITA BOCA DE GILDA TRAVESTI 1


Essa coisa de estar em Curitiba me deixou com uma pira quando penso em Gilda Travesti... Não deve ser pecado se apossar do mito para extrair dele o mínimo que seja de Arte, mesmo sabendo que por si só a Arte assume o estatus de mito por  encarnar  o pensamento coletivo e estruturar uma forma de a apreender em sua essência mais primitiva. Também não ligo muito para a necessidade  de traduzir Gilda no palco, estou pensando nela como ponto de partida para algo que chegue em um resultado coeso, ou seja, não sei bosta nenhuma do que fazer ainda...rsrsrsrsrsrsrss..
Pelo o que começo a perceber, Gilda aqui em Curitiba é um mito em sua maior força, é um arquétipo-folclórico-urbano-marginal tomado de uma força que pode transmitir tudo em muito pouco... Ela desencadeia medo e diversão em uma população sisuda, quase coronelística, da capital paranaense nos anos 70-80.... Me desculpem mas aqui em Curitiba começaram a investigar os Doces Bárbaros e deram  a letra para a policia de Floripa e Gil foi preso... Onde  um censor queria cortar uma fala do texto de Millôr Fernandes , onde Fernanda Montenegro dizia a oração de Santa Tereza ( detalhe: escrita pela  própria quando em vida e transcrita na peça pelo autor) e o senhor censor achou aquilo extremamente pornográfico e chocante! Uma indecência! Um insulto a moralebomcustumes curitibanas e nacionais!!!! Sem saber ele que  estava ofendendo os dotes artísticos da própria santa... Onde se Leminski não fosse um poquito lijeiro ia passar despercebido por aqui antes de explodir... Onde Dalton Trevisan ainda de esconde do Nelsinho!!!!!!!!!!!!!!! Enfim...  Claro que Gilda se torna um emblema de contravenção ao expor suas verdades e vontades sem se importar com o que as pessoas irão pensar de sua imagem miserável e alegre na Rua das Flores, tormando a boca maldita ao beijar os pedestres que não lhe dessem uns trocados.... Beijos de Judas-mulher , barbada e bêbada, que por incrível que pareça arrancava risos do curitibano... Que a via como louca, logo, inocentemente  feliz em suas faltas.
Gilda está enterrada no Cemitério das Flores  em um túmulo coletivo com mais 18 travestis que, como ela, não tinham onde cair morta! Neste tumulo vi Gilberto Canabarro. Declamar Alvarez de Azevedo, a bichinha loca infectada com o mau do século XIX, de uma forma límpida e comovente em um vídeo no youtube. Ela esta no ranking das 100 mais influentes personalidades gay na radicalização da cultura nacional, em uma lista feita pelo grupo gay da Bahia ... Junto com alvares de Azevedo... Inclusive! Ela foi encontrada morta em sua casa toda doente, iniciando o processo de putrefação que a deixaria ainda mais em pé de igualdade como o emossauro Alvares de Azevedo... Se irmanaram quando foram visitados pelo verme! Ela não consegui comer  a quentinha que uma amiga levou pra ela e como sinal de desprendimento,  deixou no túmulo como se imitasse os antigos faraós e quisesse que Gilda batesse uma larica além túmulo!!! Curitiba ficou sem o escarro da boca que lhe beijou durante anos em  15 de março 1983. Gilda morreu com 32 anos e eu tenho 31! Ela deu a capital um gostinho do que o futuro estava preparando para nós e as vezes acho que isso não foi compreendido ainda por muitas pessoas, gente que nem havia nascido quando Gilda se foi e mesmo assim continuam repaginando valores que não cabem mais em nossa dita pós-modernidade...o que diria alvares de Azevedo disso tudo?! Vai saber! Evohé Gilda Travesti de Curitiba