terça-feira, 10 de abril de 2012

MEU CÉU É ESTRELADO DE AVIÕES

Quando cheguei em Curitiba estava rolando um dia estranho, úmido, pensei que ia chover e não choveu. No segundo dia tinha sol e a noite o céu estava coberto de nuvens. Já no terceiro dia a clima estava ameno e mesmo assim no céu tinha nuvens a noite... Tentei vislumbrar uma estrela e não consegui! Quarta noite e nada de estrelas e a conclusão retardatária, mas inevitável: não há estrela no céu de Curitiba!
 Falei pro pessoal, alguns já tinham dado por isso, outros justificaram usando o excesso de poluição (pois afinal de contas, carro não é mais artigo de luxo no país dos inadimplentes!), outros detectaram até certo charme nesse digamos... “ares da civilização”, e ainda houve aqueles que nem haviam se dado por isso! Sei lá, por um motivo qualquer, seja por não ser muito chegado em estrelas ou por ter esquecido  a memória do astro, nem tinham se dado contas do fato... me espantei!
Pra quem um dia se sentiu tomado pelo céu do Paiol de Telha como se estivesse dentro de um daqueles suvinir’s em forma de globo transparente, sempre com uma imagem bucólica e melancólica dentro, que quando chacoalhamos fica envolvido em  neve... Neste dia estes corpos celestes pareciam dançar sobre mim como essas neves artificialmente singelas, me deixassem  absorto com a paisagem bucólica  e melancólica de meu globo transparente particular... É difícil mirar e ver tísicos corpos celestes tendo que ocultar sua exuberância no véu carbonizado que lhe oferecemos. Aqui o que dança no céu são os aviões ao som de suas turbinas metálicas, tendo as luzes intensas da cidade como seu satélite natural, a lhe iluminar e amarelar o céu pano de fundo, cenário, de seu passar esperado e calculado. Deve ser o preço que a cidade paga por ter sua beleza ligada diretamente ao mito do guloso Cronos, que conseguia ver beleza no gesto de devoras seus filhos.
Quando perdemos as coisas sempre temos a  sensação “parachoquedecaminhão” do membro amputado que continua se insinuando, mas quando essa sensação está ligada a coisas tão simples como a falta de um céu estrelado, parece que essa  amputação foi no mais profundo da alma... E dai nos damos conta de como supérfluos somos mesmo não querendo o ser! Sim... Ser humano é complicado e simples como um céu a noite, que dependendo do estado geográfico de sua alma ora esta amarelo de luz e poluição ora esta movimentado por seus aviões que sonham em ser  assim como zilhões de estrelas dançando estáticas no firmamento. O que será que Ci, a rainha mãe do mato, diz disso por de traz do véu carbonizado que lhe damos pra cobrir sua beleza?! Sei lá! Talvez que nem tudo que esta no céu é estrela... vai sabe!  Evohé Ci...

Nenhum comentário:

Postar um comentário