quinta-feira, 18 de novembro de 2010

as rugas que tenho

não me recordo bem a data mas a um ano temporal meu, sai com amigos em um feriado e fomos passear por guarapuava...coisa tipo passeio turístico para que nossa amiga de são paulo não perdesse o melhor de guarapuava...que ironia!!!!ma tudo bem...tudo foi fotografado por marcela - sempre indefectível nos fleches- postados em nossas redes comunicação tudo como manda o figurino muderno...
o que me fez lembrar desse dia foi que terminamos ou melhor começamos na chácara do kua!!!!!!eis a questão...
existe um mito verdadeiro de que desde a primeira fez que eu fui na chácara eu tiro um tempinho para dormir. nunca parei para pensar seriamente nisso mas acredito que deva existir um propósito em tudo isso...não me assusto com a casualidade-proposital que muitas vezes passamos, ainda mais se tratando daquele lugar mágico pra mim!falo com doses exageradas de egocentrismo pois todos se sentem acolhidos naquele endereço no Guavirova...foi lá onde ritualizamos os "Caboclos" foi lá que dancei envolta do caldeirão foi lá que "viagei por mais terras em que aquelas que realmente coloquei os pés" lá que bebi toda cachaça do alemão em uma tarde foi lá fiquei ilhado pela chuva foi lá que me sujei de lama tentando melhorar esse caos foi lá que fomos parar quando quisemos mostrar o nosso melhor naquele dia e foi pra lá que eu fui dia desses quando a kika me intimou...
tomei um banho arrepiei meus cabelos vesti minha bata bordô linda com bordados nos ombros calça e sapatos marrons combinandinho óculos de sol e fiquei esperando...!!!!!
enquanto esperava tive um momento de epifania lispectiano:...lembrei daquela tarde com a mars e de um detalhe importante...eu estava vestido basicamente da mesma forma como naquela tarde...o tom das roupas eram iguais: o mesmo bordo na camisa o mesmo marrom combinandinho o mesmo óculos e a mesma alegria...será que tudo estava realmente similar...não!!!!!!!definitivamente não!!!!o que mudou então?? que tipo de comunicado minha roupa me trazia?será que havia algum significado em tudo aquilo ou eu havia viajado no digestivo para ilusão de ótica?
percebi que o que havia de diferente eram os detalhes...os desenhos foram substituídos por um lindo e complexo bordado nos ombros o marrom do calção estava clássico e o dos sapatos eram novos...a mesma cera de cabelo que usei para arrepia-los a um ano atrás estava lá de novo, mas dessa fez o cabelo estava sobre uma cabeça diferente...percebi que as mudanças em minha vida são assim:sutis ...de leve chegam sem causar alaridos mas são metamorfoses...algo acontece, a aguá passou e mudou o aspecto do rio ele é outro por mais que suas margens sejam as mesmas...como se alguém depois de um ano, sem saber, passasse por aquele rio e tivesse a impressão de já ter estado ali...meus ciclos são claros e nítidos como os girassóis estou sempre voltando e acredito que melhor ...estou feliz por me realizar assim...sem pressa sem culpa e com a certeza de que o tempo esta passando por mim e deixando marcas e não cicatrizes!

ps: mais uma vez o mito se confirmou...dormi no sofá antes da janta e acordei rodeado de pessoas que eu amo...e o melhor de tudo: não era sonho ...era minha vidinha acontendo...evohé

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

aqueles que realizam

foi me colocado um questionamento hj...afinal de contas, o que é ser Kundunbalê?!
parece uma resposta simples quando na realidade esta pergunta é uma fagulha simples perto da complexa fogueira que se ascende quando paro para pensar neste grupo que tanto bem faz em minha vida.
eu poderia começar dizendo no Kundun eu coloco em prática meu exercício identidade...seja ela artística ou pessoal!quando entrei em contato com o o Kundun, não havia Kundun...existia um grupo de alunos de determinado colégio que não queria mais nada a não ser mostrar-se de forma diferente aos olhos dos outros...encontrei seres iluminados que queriam, inconscientemente, construir-se atraves da arte...me senti em casa.
mais tarde, esses mesmos alunos amadureceram e encontraram no caminho a figura do Corin...Corin carregava consigo calos de lutas e batalhas tão adversas que fizeram ver que ali...no quilombo Paiol de Telha...estaria as almas ávidas a aprender e a se proliferar...como uma enchente de idéias novas batendo na casca do ovo querendo nascer...surge a figura do lider daquele que proporciona e  espera que o universo conspire para o que há de bom prevaleça...não deve ser um posto fácil...nem sempre a atitude de tirar a capa de superhomem e deixar que descanse em alguma gaveta que nos alivie, é ama ação aceita por aqueles que nos enchergam como que ouve uma voz no escuro...mas a garra fala mais alto e o espírito da arte prevaleceu...dia desses conversando com Corin, descobri o artista que se surpreende com a forma simples de mostrar o quanto a atre renova...mesmo quando o contato com ela nos faz sentir aquele longínquo calo que que adquirimos no caminho...
estou a praticamente três meses viajando com o Kundunbalê fazendo a iluminação do espetáculo "acorda raça"... visitamos cidades diversas no paraná e vimos que a distância é um acidente geográfico e que o ser humano tem a capacidade de ser igual e diferente ao mesmo tempo...vimos o quanto temos que aprender mesmo achando saber muito, vimos que a dor de não se sentir cidadão pleno é uma dor espalhada por vários quilombos do meu paranà, vimos que podemos compartilhar sem medo de ser exato pois a exatidão acabou por se tornar um estado de espírito.
lembro de ir ao paiol procurar um grito semelhante ao meu e encontrar crianças e adolescentes ensinando lições do mundo atraves de som e movimento...independente da lama do chão do local de ensaio... estávamos ali para celebrar...e esta celebração tornou-se muito mais do que ritual, tornou-e um signo de união entre pessoas que acreditavam no poder transformador da arte...poder esse que faz dessas crianças educadores de mestres dentro das universidades que os acolherão.
esse diferencial é que faz os acadêmicos que deles se aproximam pensar que o saber se localiza nas camadas mais recondidas da alma de qualquer ser humano que permita a ele estar lá...
Kundunbalê significa "aquele que realiza" e minha felicidade maior é saber que esse grupo de pessoas realizaram em mim o sonho de ver que é possível ser melhor...como costumar ordenar Corim: "quebra tudo Kundun"...esse é o meu desejo que esses jovens-artitas-educadores quebrem tudo mesmo...desde a parede mais dura de concreto ao mais espesso cimento abstrato que existe no fundo de nós...
acho que do meu jeito eu estou aprendo o que é ser Kundunbalê: uma explosão de mentes que celebram a vida e a união atraves da unica invenção original do ser humano: a arte...
e.....morram de inveja....eu sou Kawrhê...ser de luz, artista em benin, minha identidade secreta é Marcio Ramos e............eu faço parte disso tudo...EU SOU KUNDUNBALÊ...evohé

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

minha amiga alaide morreu cedo! cirrose...deixou três filhas  cinco netos e muitos amigos...eu não tenho essa de dia de finados.os mortos devem ser lembrados constantemente mas também possui seu prazo de validade e o direito de descansar em paz.claro que somos humanos e adoramos uma boa dosagem de saudosismo...esses clichês sadomasoquistas que só nós somos capazes dar valor.
como estava na minha terra natal resolvi que iria visitar o tumulto da minha amiga e levar pra ela o que ela sempre me cobrava e adorava: incenso (que ela chamava de incencio rs)...chamei as crianças e no dia 1 de novembro (dia de todos os santos) lá fomos nós celebrar a ausência.
chegamos lá e cada um ficou com um masso de incenso...ascendemos e ficamos cada um sentado em um canto do túmulo...eu, em uma atitude pedagógica, contei para as crianças o significado que o dia de finados tem para as pessoas mas disse preferir ser como na espanha ou no méxico onde os mortos são lembrados de forma muito mais descontraída e unificadora...as crianças preferiram a opção numero dois e cada um contou uma história engraçada que  alaide nos proporcionou...rimos e perfumamos o cemitério inteiro com nossa fumaça.
quando fomos embora, ficou a sensação de dever comprido e tenho certeza que a alaide gostou da forma como lembramos dela...a brenda disse que nós perfumamos ela e com certeza isso nos ensinou que presença/ausência é um estado de espírito e que a morte não doi nem pra quem fica...pois ficamos com as lembranças boas, que sempre teimarão em ficar.
saímos do cemitério fizemos um lanche e fomos para a casas felizes cantando "o celular de naná é a lua/ a lua é o celular de naná"...evohé laidinha