segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O SOL HÁ DE BRILHAR MAIS UMA VEZ


Nos últimos anos havia tido um contado quase que diário com o nascer do sol... Fiquei anos sem saber o lado que o sol nascia!? Minhas noites sempre terminaram tarde, minhas noites sempre tiveram sol e por isso me achava quase que acima do bem e do mal....domingo de manhã então...viiiiiixeee... Sem comentários... Quando estava morando no Jordão foi que tudo começou... Acordava as cinco da matina e saia de casa para o ponto de ônibus ainda visitado pela lua! Muitas vezes acompanhada de frio e do famoso vento de Guarapuava que a tudo castiga... Subia para o ônibus e quando estávamos n a serra o sol surgia esplendoroso no horizonte... e me dava a impressão de que estava no espaço sideral. Principalmente quando o Vale do Jordão estava coberto de nuvens!  e tal qual o Superman, lá estava eu em minha capsula fugindo da destruição de minha Cripitônia e visualizando o sol que me aqueceria no novo planeta...
No dia em que sai de lá pensei que tinha perdido esse privilégio, mas o sol me alumiou outra vez e agora ele era visto nascer depois de uma longa caminhada... e quando eu passava do lugar conhecido como Volta Redonda, fazia questão de parar, virar pra trás e proferir uma prece as pressas ao astro rei que insistia em queimar minhas costas como se me avisando que tudo daria certo ( mesmo eu voltando a pé ao meio dia e tendo ele como meu algoz, meu Lex Luthur, minha criptonita...uiuiui) .. Depois foi a vez de vê-lo enquanto eu ia para Colônia Vitória trabalhar.. Saia às 6 da manhã e quando estávamos quase chegando (entre a Colônia Samambaia e aa Colônia Jordãozinho pra ser exato) o sol estava nascendo lindo e altivo.. Nesta época também o pôr do sol se mostrava pra mim.. Quando saia de Entre Rios pouco antes do lusco-fusco e pegava seus últimos raios no caminho!! Uma delicia daquelas que, sem sadismo algum, nos faz sofrer de alegria...
O mais interessante nisso tudo é que nestas jornadas comecei a perceber que eu era a única pessoa que se dava por isso nestes trajetos.. Os outros tendiam a não dar bola para as coisas simples da vida e um nascer e/ou um pôr do sol não era nada perante as contas vencidas do mês ou o cansaço do fim do dia ou o sono da manhã ou o pensamento vago... Olhar para natureza ao redor e se sentir parte dela, no seu esplendor, na sua gloria e plenitude é um sentimento retrô, quase que nonsense, coisa de maluco que não tem mais o que fazer!!! É uma pena que chegamos neste ponto.. As cores do céu, o calor do sol não nos interessa mais! Preocupamo-nos com a razão e a emoção não tem espaço na nossa rotina cheia de compromissos inadiáveis que momentaneamente decidem nossa historia medíocre.
Essa historia de valorizar o hoje, está sendo deturpada cada vez mais e quando queremos colocar essa máxima em voga, nos apegamos às coisas que giram envoltas do dinheiro e daquilo que nos torna maior aos olhos dos capitalistas que estão nos vigiando. Não estou de maneira alguma me posicionando contra o dinheiro- afinal de contas, dependo dele também, e muito- mas estou me posicionando contra as pessoas que se cegam por ele e dele fazem seu deus... Esquecendo-se das coisas simples de vida que implicam desde um abraço na pessoa ao lado, um sorriso em agradecimento, uma gargalhada, um nascer de sol...
Este ano não mais vi o nascer e nem o pôr do sol! Os caminhos que fiz estavam sempre opostos a ele e por uma terrível coincidência, acabei sendo escravo do dinheiro que me jogou muito na cara o quanto ele pode me fazer sofrer, jogou na minha cara que pouco posso com pouco!
Mas isso não me impediu de buscar a minha simplicidade sempre! Lembrar-me que sou pequeno perante a natureza, faço parte dela e continuarei vivendo com a mesma certeza de que o sol vai nascer e se pôr! E trago isso comigo como um mantra, pois aprendi que sou rodeado por seres solares, pensamentos solares, risos solares, abraços solares... E vou sim viver a beleza dessa certeza!!! Dois mil e doze não foi fácil pra mim- como não o foi pra muita gente- e ao mesmo tempo me esclareceu o fato de que não somos nada perto da plenitude de tudo! Mostrou-me que tenho a coisa mais importante que eu deveria ter: o sol estampado no sorriso acolhedor dos meus, o calor do sol impresso no abraço das pessoas que eu amo! E assim como o nascer e o pôr do sol é  infinito, continuo a mim, minha gratidão se cobre de luz e se espalha para acalentar essa minha grande família que adquiri nessa jornada.
É comum que nessa época esse tipo de pensamento acabe rondando nossa cabeça, pois fica aquele gostinho irresistível de mudança no ar! Essa época, colocamos os pesos e as medidas na mesa e deixamos nos guiar pelo que achamos que erro e pelo o que é acerto! Eu aprendi que o sol brilha e se põe também em nosso horizonte metafisico, dentro de nós! E esse sol aquece, queima e pode causar câncer na pele da alma da mesma forma que aquele que nos é tão simples perceber: é só olhar pra cima! Acredito que buscar esse intenso brilho também é continuo e certo, assim como é certo que o sol nasce e se põe... Dentro ou fora de nós...

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