Nos últimos anos havia tido um contado quase que
diário com o nascer do sol... Fiquei anos sem saber o lado que o sol nascia!? Minhas
noites sempre terminaram tarde, minhas noites sempre tiveram sol e por isso me
achava quase que acima do bem e do mal....domingo de manhã
então...viiiiiixeee... Sem comentários... Quando estava morando no Jordão foi
que tudo começou... Acordava as cinco da matina e saia de casa para o ponto de ônibus
ainda visitado pela lua! Muitas vezes acompanhada de frio e do famoso vento de Guarapuava
que a tudo castiga... Subia para o ônibus e quando estávamos n a serra o sol
surgia esplendoroso no horizonte... e me dava a impressão de que estava no
espaço sideral. Principalmente quando o Vale do Jordão estava coberto de nuvens! e tal qual o Superman, lá estava eu em minha
capsula fugindo da destruição de minha Cripitônia e visualizando o sol que me
aqueceria no novo planeta...
No dia em que sai de lá pensei que tinha perdido esse
privilégio, mas o sol me alumiou outra vez e agora ele era visto nascer depois
de uma longa caminhada... e quando eu passava do lugar conhecido como Volta Redonda,
fazia questão de parar, virar pra trás e proferir uma prece as pressas ao astro
rei que insistia em queimar minhas costas como se me avisando que tudo daria
certo ( mesmo eu voltando a pé ao meio dia e tendo ele como meu algoz, meu Lex
Luthur, minha criptonita...uiuiui) .. Depois foi a vez de vê-lo enquanto eu ia
para Colônia Vitória trabalhar.. Saia às 6 da manhã e quando estávamos quase
chegando (entre a Colônia Samambaia e aa Colônia Jordãozinho pra ser exato) o
sol estava nascendo lindo e altivo.. Nesta época também o pôr do sol se
mostrava pra mim.. Quando saia de Entre Rios pouco antes do lusco-fusco e pegava
seus últimos raios no caminho!! Uma delicia daquelas que, sem sadismo algum,
nos faz sofrer de alegria...
O mais interessante nisso tudo é que nestas jornadas
comecei a perceber que eu era a única pessoa que se dava por isso nestes
trajetos.. Os outros tendiam a não dar bola para as coisas simples da vida e um
nascer e/ou um pôr do sol não era nada perante as contas vencidas do mês ou o
cansaço do fim do dia ou o sono da manhã ou o pensamento vago... Olhar para
natureza ao redor e se sentir parte dela, no seu esplendor, na sua gloria e
plenitude é um sentimento retrô, quase que nonsense, coisa de maluco que não
tem mais o que fazer!!! É uma pena que chegamos neste ponto.. As cores do céu,
o calor do sol não nos interessa mais! Preocupamo-nos com a razão e a emoção
não tem espaço na nossa rotina cheia de compromissos inadiáveis que momentaneamente
decidem nossa historia medíocre.
Essa historia de valorizar o hoje, está sendo
deturpada cada vez mais e quando queremos colocar essa máxima em voga, nos
apegamos às coisas que giram envoltas do dinheiro e daquilo que nos torna maior
aos olhos dos capitalistas que estão nos vigiando. Não estou de maneira alguma
me posicionando contra o dinheiro- afinal de contas, dependo dele também, e
muito- mas estou me posicionando contra as pessoas que se cegam por ele e dele
fazem seu deus... Esquecendo-se das coisas simples de vida que implicam desde
um abraço na pessoa ao lado, um sorriso em agradecimento, uma gargalhada, um
nascer de sol...
Este ano não mais vi o nascer e nem o pôr do sol! Os
caminhos que fiz estavam sempre opostos a ele e por uma terrível coincidência,
acabei sendo escravo do dinheiro que me jogou muito na cara o quanto ele pode
me fazer sofrer, jogou na minha cara que pouco posso com pouco!
Mas isso não me impediu de buscar a minha simplicidade
sempre! Lembrar-me que sou pequeno perante a natureza, faço parte dela e
continuarei vivendo com a mesma certeza de que o sol vai nascer e se pôr! E
trago isso comigo como um mantra, pois aprendi que sou rodeado por seres
solares, pensamentos solares, risos solares, abraços solares... E vou sim viver
a beleza dessa certeza!!! Dois mil e doze não foi fácil pra mim- como não o foi
pra muita gente- e ao mesmo tempo me esclareceu o fato de que não somos nada
perto da plenitude de tudo! Mostrou-me que tenho a coisa mais importante que eu
deveria ter: o sol estampado no sorriso acolhedor dos meus, o calor do sol
impresso no abraço das pessoas que eu amo! E assim como o nascer e o pôr do sol
é infinito, continuo a mim, minha
gratidão se cobre de luz e se espalha para acalentar essa minha grande família
que adquiri nessa jornada.
É comum que nessa época esse tipo de pensamento acabe
rondando nossa cabeça, pois fica aquele gostinho irresistível de mudança no ar!
Essa época, colocamos os pesos e as medidas na mesa e deixamos nos guiar pelo
que achamos que erro e pelo o que é acerto! Eu aprendi que o sol brilha e se
põe também em nosso horizonte metafisico, dentro de nós! E esse sol aquece,
queima e pode causar câncer na pele da alma da mesma forma que aquele que nos é
tão simples perceber: é só olhar pra cima! Acredito que buscar esse intenso
brilho também é continuo e certo, assim como é certo que o sol nasce e se
põe... Dentro ou fora de nós...
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