Os músculos expandidos
em cada diâmetro de meu corpo negro
são os mesmos que dilatam quando expostos
ao torpor de sua passagem alva.
É difícil não entender a liberdade
Longe da oferta de seus braços,
sem o cheiro de sua candura
a invadir meu caminho!
Acostumando meus olhos a sua presença.
A embriaguez que ofereces
Também causa danos!
Embrutece o animal!
Esmaga o mínimo de cordialidade
que há no crioulo bom,
domesticado,
na proa de seu navio.
Seria capaz do ato mais cruel
para garantir o seu corpo infante,
angelical e silencioso,
a descansar no sono profundo e seguro
que sempre terás
Ao meu lado.
Talvez a morte
seja melhor aceita!
Se comparado ao medo
De que, tal qual uma tempestade marítima,
O seu amor agite meu amaro coração
E se vá...
Deixando apenas a sensação
Que você passou sobre meu peito
E ditou a hora de voltar à margem,
colocar os pés nas areias instáveis da minha orla!
Esperando que sua delicada mão indique o momento
De voltar a navegar o seu sereno mar.
PS: como estou trabalhando em uma adaptação do romance naturalista de Adolfo Caminha, " O bom crioulo", de 1895 para o teatro; fico rabiscando algumas coisas como exercicio e esse poema da série "Poesias do antigo primeiro grau", serve de reflexão melosa e romantica pra uma obra tão naturalisticamente à flor da pele quando essa linda historia de amor animal... que acontece assim na terra como no mar, superando todo pensamento moral do fim seculo XXI ...ops... errei XIX !
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